26 de junho de 2009

Memórias

Quero uma alma medieval, feita de abissais lembranças e de desejos profanos...Que sinta o ódio queimar sua pele, mas não se contamine por suas iniquidades. Que guarde as experiências tatuadas em seus ossos, mesmo quando estes já se tornaram pó. Que saiba o valor de um dia mesmo quando a paisagem é o horizonte de uma eternidade abstrata...Que saiba provar o beijo de um inimigo e cuspir na face de quem ama, para protegê-lo das sombras que não se vê. Que ande tranquilamente sob a luz e que mergulhe nas trevas com o rosto erguido enquanto degusta seu gole etílico com sabor de passado...
Quero continuar vendo teu riso em minha mente, enquanto seu rosto me é um borrão de grafite numa pintura secular... Dançar a última das danças sob o ritmo da ampulheta...e da areia moldar o vidro que irá rasgar o véu negro do esquecimento...
Ah como te espero, alma medieval de abissais lembranças e desejos profanos!

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