26 de junho de 2009

Memórias

Quero uma alma medieval, feita de abissais lembranças e de desejos profanos...Que sinta o ódio queimar sua pele, mas não se contamine por suas iniquidades. Que guarde as experiências tatuadas em seus ossos, mesmo quando estes já se tornaram pó. Que saiba o valor de um dia mesmo quando a paisagem é o horizonte de uma eternidade abstrata...Que saiba provar o beijo de um inimigo e cuspir na face de quem ama, para protegê-lo das sombras que não se vê. Que ande tranquilamente sob a luz e que mergulhe nas trevas com o rosto erguido enquanto degusta seu gole etílico com sabor de passado...
Quero continuar vendo teu riso em minha mente, enquanto seu rosto me é um borrão de grafite numa pintura secular... Dançar a última das danças sob o ritmo da ampulheta...e da areia moldar o vidro que irá rasgar o véu negro do esquecimento...
Ah como te espero, alma medieval de abissais lembranças e desejos profanos!
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19 de junho de 2009

Cacos de vidro

raiva impaciência falta bebidas torpor vertigem frio medo palavras avulsas música placebo requiem sonho morte vida mar luz torpor correria indiferença
Estou batalhando contra quem? Meus pés não tocam o chão, mas mesmo assim posso sentir o mar em meus dedos, tocando a minha pele com sua espuma fria e me mostrando como a vida é instável como o balançar das ondas. Como foi seu dia? Perguntam-me...e o dia ainda nem terminou. Como saberei? E dessa forma, por que desejo tanto saber como será o amanhã?
Desejo...Ainda sinto o toque da bebida em meus lábios e já faz algum tempo que não sinto mais o seu torpor. Ah delírios! Já não sei mais o que significa a palavra fria e dura como gelo: realidade. Mas a sinto como algemas a tentar aprisionar meus pés no chão de areia movediça...e quero quebrá-la, rompê-la com meus dentes...E gargalhar delirante ao dizer: devorei-te ó realidade, digeri sua essência em meu estômago de sonhos!!
Mas ainda sinto seus olhos de gelo tocarem minha pele invisível e dizer que o dia foi corrido, como se isso justificasse o esquecimento...das coisas que não existem...Pausa.
E sinto o calor que ainda existe feito fogueira no interior dos que sonham, que gritam em instrumentos mudos seu mundo de caos onde nada permanece porém...toca.
Pobre ser, ó insensato...tão vivo, tão sóbrio, tão prostituído s[em] suas ilusões.

vem...iluda-me, entorpeça-me e vá...já que o possuir não adentra seus domínios e minha pele é feita de água salgada, onda viva, que queima como fogo...teus mosaicos musicais.
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