20 de fevereiro de 2009

Um universo só para 1...

A noite finda com a poesia que tece a vida dos notívagos, enlaçados que somos pelos carretéis de palavras que nos envolvem feito uma mortalha nas costumeiras noites em claro. E é esta clareza que me delata a tua cegueira. Por onde anda teu inconsciente volitante que ainda não percebeu as lâminas frias que habitam meus olhos? Lâminas estas, que não indicam que eu nada sinta, mas sussuram que eu aqui já não me encontro, que parti, e funcionam dessa forma, como portas a trancar em alguma dimensão menos fria, a minha alma e meus sentimentos.
É deveras interessante a forma como as pessoas perdem suas nuances de "seres humanos" quando o cérebro, ou melhor, nossa parte racional, toma as rédeas de nossas vidas. Aqueles seres antes vistos como símbolos emocionais por você, passam a ser somente números, reticências, paisagem ao invés de atores, e se tornam irrelevantes. O emocional que assumia uma forma de cavalo selvagem, se mostra agora feito um cão dócil e tolo, irritante como um poodle de madame.
E você descobre que precisa ficar só, que qualquer outra distração atrapalha o furacão de seus pensamentos, estes que perambulam em sua mente tão rápidos que já não se pode respirar, ou eles se perdem em algum buraco negro dentro da sua alma. E a solidão antes tão temida passa a ser uma necessidade frenética e o silêncio que era tão incômodo, passa a ser um bálsamo, um ópio para reduzir as dores causadas pelo excesso do Eu.
As pequenas marcas na parede branca começam a se mover feito insetos, o barulho das ruas roubaram meu silêncio, os olhos se tornam pesados diante da luz amarelada e suas lâminas rompem minhas teias de palavras feito uma guilhotina, arremessando-me para algum lugar onde se fabriquem os sonhos...E onde meu Eu possa se transformar em Outro.

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