Foi observar o horizonte junto ao topo das árvores e seus pés já não tocavam o chão.Com os braços erguidos e as pontas dos dedos simulando tocar as estrelas, feito vagalumes a cintilar em um sorriso que ignora suas recordações.
Ao vento suas lembranças bailando como um álbum de fotografias em suas canções que lhe marcaram feito cicatrizes.
Seus olhos úmidos no ar que não havia sereno, interrompidos por cipós lamacentos a envolver-lhe as pernas como que buscando resgatá-la de seus castelos de sonhos. Aqueles olhos. A aparência rude e séria que nenhuma palavra vertia, mas era suficiente para que ficasse atada ao chão. Mas eram lágrimas de sangue agora a escorrer daquela face assustadora e sombria, mas que tanta ternura lhe causava.
Presa em suas vestes, ergueu a negra taça de onde recolheu em seu olhar de mistério as lágrimas sangrentas. E ao tocar-lhe os lábios sugeriu um brinde e ao gargalhar foram estas as palavras ditas naqueles lábios rubros de sangue: "-Brindemos, companheiro de longas caminhadas, pois não é sempre neste vale de sombras em que vivemos, onde as lágrimas recolhidas sejam de saudade e afeto. Há tanto tempo que não degustamos outro sabor além do ódio e do peso do tempo que nunca passa e dos erros que nunca se apagam." (...)

1 comentários:
Um brinde por todos nós que aqui na terra luta por esses espaços de trevas. Que sussurramos palavras ao vento. Que abraçamos árvores e beijamos as flores de todos os jardins. Um brinde.
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